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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Portas e mentes abertas à inovação

Patrick Teyssonneyre*

Desenvolvimento tecnológico não é tarefa simples. Na maioria das vezes demanda atuação conjunta, e em diversas frentes, para se tornar realidade. No meio empresarial, há quem ainda considere imprescindível conduzir, sozinho, uma nova solução ao mercado. Grande parte das organizações, contudo, já percebeu as vantagens de inovar em parceria e têm investido cada vez mais em colaboração para atingir o nível máximo de eficiência e excelência.

Com a globalização, fica cada vez mais difícil dominar todas as áreas e manter o perfil concentrador. Há muitas oportunidades em abrir projetos para colaborações alheias, em compreensão de que a inteligência precisa ser somada e compartilhada em prol do bem social e por que não, mercadológico. A empresa que enxerga suas competências e, principalmente, seus limites, consegue direcionar de forma mais clara o seu foco, olhar para fora e buscar apoio para a demanda na comunidade externa. Analisa-se o que pode ser feito com recurso interno e o que precisa de apoio externo.  

Nesse cenário, além dos acordos com universidades, recorrentes principalmente nos países desenvolvidos, há um crescimento expressivo da união entre grandes empresas e startups, num convite direto à interação. A tendência, que também ganha espaço no Brasil, reforça o conceito de que inovação é um meio, e não um fim.

Um bom processo de gestão de inovação é um primeiro passo para percorrer o caminho do desenvolvimento de novas soluções. Na escolha de potenciais parceiros, valoriza-se expertise e know-how, que pode vir tanto de grandes como de pequenos parceiros. É uma vantagem mútua, porque organizações maiores apoiam e auxiliam startups que, por vezes, conseguem viabilizar desejos antigos dos gigantes comerciais.

Depois de encontrar o melhor sócio para a empreitada, é o momento de analisar o mercado, considerar suas fragilidades, tendências e evoluções tecnológicas, além das oportunidades já existentes e daquelas que podem ser aceleradas. Compreendido o cenário, parte-se para a consolidação da parceria.

Nas negociações são definidos cada detalhe do empreendimento: desde a detenção da propriedade intelectual, a forma como ela será explorada e monetizada, até a divisão dos ganhos e valores de investimento. Outro aspecto importante é estabelecer a governança com parceiros. Nessa etapa, comitês técnicos e de gestão, com representantes de cada parte, tomam as decisões de forma transparente.

A partir daí iniciam-se os trabalhos, com organização e foco. Investir em muitos projetos simultaneamente pode significar perda de tempo, dinheiro e capital humano. A empresa precisa ter clareza do que quer para si nos próximos anos, tanto no curto prazo, em até cinco anos, como no longo prazo, considerando a próxima década.


Em setores de base, como o químico e de commodities, os recursos são mais escassos e a inovação menos visível aos olhos do consumidor, por isso o trabalho de apuração e viabilização de novos produtos deve ser ainda mais cauteloso. Cada aposta é customizada e analisada diversas vezes, por múltiplos agentes.

Na indústria petroquímica, por exemplo, uma tendência é o investimento em pesquisas e modelos produtivos baseados em fontes renováveis. Ao diversificar a base de produção, tem-se a possibilidade de reunir diferentes segmentos com um foco comum: o estabelecimento de rotas sustentáveis, que explorem o potencial brasileiro como provedor de insumos naturais. A partir de matérias-primas “verdes”, como a cana-de-açúcar, empresas, startups e universidades reforçam seus valores ambientais e aliam-se à crescente demanda de mercado por produtos sustentáveis. É uma estratégia que integra a possibilidade de evolução de forma responsável e permanentemente alinhada às discussões contemporâneas. 

Iniciativas como essas demonstram a importância de acreditar e investir na inovação. Somente a partir de uma atuação conjunta é possível fortalecer o propósito de desenvolvimento colaborativo, gerando novas soluções competitivas para o mercado e que sejam compatíveis com as demandas socioambientais.


*Patrick Teyssonneyre é diretor de Inovação e Tecnologia Corporativa da Braskem
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