Artigo escrito por Cassio Spina e publicado no Startupi
É muito comum quando pergunto qual
é a participação de cada sócio de uma startup receber como resposta que é igual
para todos fundadores. Apesar de não ser totalmente errado, não me parece ser a
melhor distribuição, considerando que normalmente toda empresa tem um líder que
assume o maior peso da responsabilidade. Entretanto, o que realmente me
preocupa como investidor é quando questiono se estabeleceram um acordo societário
para o caso de algum dos empreendedores tenha de sair no meio do caminho:
raramente ouço que sim e isto é risco que nenhum investidor quer tomar,
especialmente por ser facilmente resolvível se combinado previamente. Mas se
não for, poderá se tornar um sério problema lembrando que uma das causas mais
frequentes para o fracasso de empresas são desavenças entre os sócios. Por
melhor que o negócio seja, dificilmente irá sobreviver se os fundadores
desviarem seu foco para discussões entre si e isto normalmente ocorre por um ou
mais dos motivos abaixo:
- Divergência de opinião sobre os
rumos da empresa.
- Falta de dedicação de algum dos
sócios a empresa.
- Algum dos sócios não dar os
resultados conforme necessário/prometido.
- Comportamentos/problemas
pessoais fora do padrão.
Todos estes problemas muitas
vezes só tem solução com o desligamento do sócio que está dissonante do grupo e
para isto é fundamental que já esteja pré-acordado como isto será efetivado,
senão as discussões e brigas podem parar até em disputas judiciais que levariam
a grandes prejuízos para a empresa, inclusive ao seu insucesso.
Um exemplo simples é de uma
startup que tenha 3 co-fundadores com participações iguais, ou seja, 33,33%
para cada um e um deles resolve simplesmente desistir depois de 6 meses. Observando
que para uma startup o capital mais valioso é o trabalho de cada sócio, este
abandono prematuro certamente irá prejudicar a empresa, mas pior do que isto é
se este sócio considerar que deve manter sua participação original, pois isto
certamente irá desmotivar os outros remanescentes, pois estes não irão querer
continuar se dedicando enquanto o que saiu irá "ganhar" o mesmo que
eles se o negocio der certo.
Para evitar estes problemas é
fundamental que os empreendedores combinem as regras de participação societária
desde o inicio, começando pela participação de cada um, conforme as
responsabilidades e dedicação individual. Um modelo simples de cálculo é
computar quando como se o trabalho dedicado fosse um investimento pessoal de
cada um no capital da empresa. Por exemplo, levantando-se quanto cada sócio
ganharia se fosse um funcionário desta empresa e computando o valor como um
aporte de capital. Por exemplo, se o líder da startup tivesse uma remuneração
teórica R$ 10 mil/mês, o co-fundador técnico R$ 8 mil/mês e o co-fundador
comercial de R$ 6 mil/mês, pode-se utilizar estes valores como “aportes de
capital teórico” para calcular a participação de cada um, pelo período que se
dedicar, assim, se o líder no começo se dedicar 100%, o técnico 70% do seu
tempo e o comercial 50% do seu tempo, a cada mês deveria ser adicionado o
aporte individual de trabalho ou seja R$ 10 mil, R$ 5,6 mil e R$ 3 mil
respectivamente, acumulando mês a mês até quando a empresa pudesse começar a
pagar os pró-labores dos sócios, assim, se algum dos sócios se desligasse no
meio do caminho, seus “aportes com trabalho” parariam de ser computados, sendo
diluídos pelo trabalho dos outros fundadores que continuassem. Além disto,
considerando que enquanto a startup não começar a gerar resultados, deve-se
combinar que a saída prematura antes de um período mínimo pré-determinado (ex.:
1 ano ou inicio de faturamento) implicaria na “perda” parcial ou até total de
sua participação como uma penalidade pelo prejuízo que isto iria causar na
startup, que teria de buscar alguém para substituí-lo. Esta cláusula é conhecida
como “vesting” sendo muito comum nos
contratos efetivados com investidores, que precisam da garantia de dedicação
dos fundadores.
Não é possível determinar qual
fórmula é a “mais justa”, pois é um conceito muito subjetivo, mas existem
várias outras metodologias e fórmulas para o cálculo de participação dos
sócios, como por exemplo a publicada no site foundrs.com
e até um livro sobre este tema (vide www.slicingpie.com).
O importante é que seja criado um acordo que seja aprovado por todos e que
garanta o comprometimento individual de cada um.
Excelente comentario sobre un tema muy importante. A la pregunta cómo repartir el patrimonio inicial entre los fundadores de un start-up ofrezco la respuesta y análisis siguiente: http://capitalemprendedorlatam.wordpress.com/2013/07/09/como-repartir-el-patrimonio-inicial-de-una-empresa-entre-los-fundadores/
ResponderExcluirAdicionaria uma taxa de juros (acertada entre os socios) corrigindo o aporte de capital teórico para trazer o capital sempre a valor presente.
ResponderExcluirExcelente matéria.
ResponderExcluirÓtimo artigo.
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