1º Aniversário da Anjos do Brasil

Carta Aberta do 1º Aniversário da
Anjos do Brasil

Caros Membros, Conselheiros, Parceiros, Empreendedores, Apoiadores e Amigos.

É com muito prazer que envio esta carta em comemoração ao primeiro ano de existência da Anjos do Brasil. Foi um “ano de guepardo”, tanto pela velocidade quanto por ter sido equivalente a vários anos[1] de atividade. Isto só foi possível por todo apoio que recebemos, pelas inúmeras atividades que conseguimos efetivar, pela adesão de investidores e empreendedores que tivemos, enfim, foi um “salto” também fruto da própria transformação que o empreendedorismo brasileiro está passando, migrando rapidamente da necessidade para a busca de oportunidades.

Fazendo um rápido balanço quantitativo, já tivemos mais de 100 mil visitantes em nosso site, sendo mais de 15.000 cadastrados, lançamos 5 Núcleos Regionais (em SP, MS, DF, RS e MG), apoiamos e participamos de dezenas de eventos, efetivamos mais de 40 apresentações, entre outras atividades e ações para desenvolvimento do investimento anjo no Brasil. Sabemos que, mesmo com estes números já sendo bem significativos, ainda temos grandes desafios para atingir nossa meta de disseminação do conhecimento sobre investimento anjo, para que tanto a sociedade quanto os agentes públicos atuem de forma efetiva para o crescimento do empreendedorismo.

Temos claro que o investimento anjo tem um papel essencial para a economia, como destacado no amplo estudo[2] elaborado pela OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que concluiu que “Angel Investing plays a critical role in early-stage financing ... and therefore should receive increased focus from both the policy and research community”. Nos EUA, origem de inúmeras empresas de alto valor agregado, como Apple, Google, Fedex, Intel, etc., mesmo em crise, o investimento anjo teve um crescimento de mais de 10% em 2011 atingindo a marca de US$ 22,5 bilhões investidos por mais 318 mil investidores, em 66 mil empresas e gerando mais de 165 mil empregos[3].

Temos a certeza que o Brasil possui empreendedores no mínimo com o mesmo nível de capacidade de quaisquer outros países, bastando ver que muitas empresas inovadoras, como por exemplo, o Facebook e a Instagram, empresa adquirida recentemente por US$ 1 bilhão, tiveram brasileiros como co-fundadores. Entretanto, para que seu potencial seja plenamente desenvolvido é necessário que existam condições essenciais tanto para sua formação quanto apoio e orientação, sem a necessidade de assistencialismo, mas sim com foco no resultado. Neste sentido o investidor anjo, utilizando sua experiência, conhecimento e relacionamentos, agrega valores fundamentais para capacitar e acelerar o crescimento de novas empresas, ao mesmo tempo em que como investidor demanda resultados efetivos, proporcionando o equilíbrio necessário entre apoio e a cobrança de metas.

Para realização de sua missão, o investidor anjo tem desafios comuns aos dos empreendedores, tanto ligados ao enfrentamento da burocracia e entraves, quanto à necessidade de proteção e estimulo. Sabemos que, infelizmente, no Brasil falhar é “punido” com uma pena praticamente perpétua, pois se para abrir uma empresa pode-se levar meses, para encerrara mesma são anos, ou até décadas, isto quando seus bens pessoais não são arrolados para pagamento de débitos que não deveriam ser imputados as pessoas físicas, o que espanta quem tem o desejo de atuar nesta atividade. Como se não bastasse, do outro lado ainda não há qualquer estimulo, pelo contrário, pois do ponto de vista tributário, ainda não existe visibilidade da atividade do investidor anjo perante a legislação e regulamentação. Assim como “pessoa física” não pode compensar eventuais perdas com ganhos, como é possível no mercado de ações listadas na Bolsa de Valores e lembrando que estatisticamente é praticamente certo que alguns dos seus investimentos terão a perda do capital, que se não compensado nos ganhos, levarão a uma tributação desigual, desestimulando-o. Ainda mais quando se compara com investimentos atualmente isentos de tributação, como, por exemplo, no setor imobiliário. Neste sentido, quando se considerando o desenvolvimento de empresas inovadoras estratégico para o Brasil, faz-se necessária a criação de uma política de proteção e estimulo que no mínimo equipare o investimento anjo aos incentivos concedidos a outros, como por exemplo, o estrangeiro, que possui isenção tributária em seus investimentos via fundos de participação. Não fazemos aqui uma crítica vazia, levantamos estas questões por entendermos que fazem parte da nossa missão leva-las a quem pode efetivamente tomar as medidas necessárias para que este cenário mude em beneficio do país e da sociedade.

Neste sentido, considerando todos os desafios que ainda temos para que o investimento anjo se torne no Brasil uma prática tão comum quanto nos países mais desenvolvidos, acreditamos que nossa missão de disseminação de conhecimento deva ser ainda mais reforçada, e, por isto, ajustamos a mesma para que exprima melhor esta perspectiva da seguinte forma:

A Anjos do Brasil tem como missão a disseminação do conhecimento sobre Investimento Anjo para o crescimento do empreendedorismo inovador brasileiro.

Continuaremos a executar todas as atividades que já efetivamos, incluindo a criação de novos núcleos regionais, mas com o foco e ótica da missão acima neste momento. Somente conseguiremos atingir nossas metas com apoio de todos, parceiros, empreendedores, investidores, agentes públicos e privados. Por isto, continuamos a contar com sua participação e apoio, para que realmente juntos façamos a diferença e continuarmos a avançar no “ritmo dos guepardos”, a fim de que o investimento anjo possa contribuir para o Brasil quanto já faz em outros países,

Neste sentido pedimos sua manifestação de apoio enviando uma mensagem para contato@anjosdobrasil.net subscrevendo as questões citadas, bem como se tiver sugestões e no que poderia contribuir para avançarmos nas mesmas.

São Paulo, 26 de Agosto de 2012

Cassio A. Spina

Fundador

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[1] O guepardo vive de 15 a 20 anos, assim, dizemos que cada ano dele equivale a 5 anos do ser humano.

[2] Financing High-Growth Firms – The Role of Angel Investors – 2011 - OECD

[3] University of New Hampshire’s Center for Venture Research – 4/3/2012


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